quarta-feira, 25 de maio de 2011

O FILME E A 'ESPIGA'

O circuito é sempre o mesmo: principia na Internet, curva nos jornais e acelera na vasta recta das televisões, até voltar a passar pela zona das redes sociais e dos blogs. De onde eu relato agora.
As imagens da jovem de 14 anos a ser agredida - a pontapé, arrastada no chão pelos cabelos - são de arrepiar. Aquela sova inquestionávelmente deixará marcas para toda a sua vida.
O ódio e a crueldade das que lhe bateram e dos mais, rindo e comentando enquanto fotografavam, é a outra faceta deste apocalíptico percurso.
Mas será desnecessário prosseguirmos nos caminhos do notório (e público): a selvajaria campeia. Entre "meninas" também.
Uma testemunha do sucedido - cinco pêlos sobre o beiço, outros tantos no queixo, o eterno boné de pala, comentava alvarmente perante as câmaras: «filma-se para mostrar depois; a maior espiga foi pôrem na Internet»!...
Pois, não fora esse percalço...
E do lado de quem são expectáveis providências adequadas?
A resposta é simples: os Tribunais de Família e Menores, intervindo numa das mais sensiveis áreas do Direito, são o que são - encurtando razões, de uma impreparação confrangedora; o Ministério Público, já veio esclarecer, não dispõe de meios para detectar crimes divulgados pelas redes sociais; o legislador é brando, excessivamente brando, e tortuoso na tramitação processual por si congeminada; e as instituições de integração social espantosamente irresponsáveis.
Contas feitas, não faltarão atenuantes ou obstáculos à realização de justiça. Conforme-se a vítima com o previlégio de ter sobrevivido - sem sequelas físicas.
E até ao próximo "caso", então. O assunto do dia amanhã já será outro, com certeza.

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