domingo, 5 de junho de 2011

Derrotado


Adeus grande dinamismo, capaz de percorrer a distância entre a promessa de 150 000 empregos e a certeza de 900 000 desempregados, uma taxa de desemprego de 12,6%, a pior desde que há registo. Adeus grande humorista que disse, famosamente, que uma taxa de desemprego de 7,1% é bem o sinal de uma governação falhada - e aos 10% ainda ficou. Adeus também em nome maior vaga de emigração dos últimos 50 anos, e adeus pelos mais de 7000 inscritos nos centros de emprego que todos sairam do país e não podem dizer adeus pessoalmente. Adeus vigor que levou a nossa dívida externa desde os 40% do PIB de 1995 até aos 230% de hoje. Adeus determinação que ergueu a dívida pública até aos 100% do PIB. Não contando com os 60 mil milhões de euros das PPPs, que são 35% adicionais. E não contando com as dívidas das empresas públicas que são mais 25% do PIB. Adeus grande experiência e rigor, capaz de prever em Julho de 2009 que o défice ficaria em 5,9% - mas afinal foi 9,4% -, e capaz de prever que o défice de 2010 ficaria «bem abaixo dos 7,3%» - mas final foi quase 10. Adeus patrono de 349 institutos públicos e não sei quantas fundações, mais não sei quantos milhares de boys, mais não sei quantos milhões em soldos. Adeus grande educador que deixa a terceira pior taxa de abandono escolar da Europa, centenas de carcassas de Magalhães, e Novas Facilidades em todos os graus de ensino. Adeus campeão do estado Social, que taxou o SNS, cortou salários, reduziu pensões, retirou subsídios aos desempregados. Adeus optimismo capaz de ver crescimento recorde onde afinal estava recessão. Adeus habilidade para assinar um acordo de ajuda internacional, e depois jurar em público que não subscreveu o que subscreveu. Adeus malabarista de prazos, adeus jongleur contabilístico. Adeus, grande propagandista. Adeus, grande homem de que a história se vai rir: tão pernicioso, tão incapaz, tão mau que acabou a proporcionar a Portugal a liberalização que ele e os socialistas diziam abominar.
Obrigado pelo obus no vosso pé.
Pronto. Vai-te lá embora. 

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