quinta-feira, 23 de junho de 2011

Não brinques com a tua vida!!! Lugar seguro ao sol


Ir à praia também provoca cancro. E este ano surgirão mais dez mil novos casos. O melhor é proteger-se e procurar uma sombra.

De chapa para o sol, na hora do cancro, estão milhares de pessoas à procura da tão desejada cor que lhes dá um ar mais saudável – é esta a imagem do Verão. Sem protecção, a pele memoriza, ano após ano, todas as agressões; até o escaldão de há uma década.
Há quem não use sequer protector, enquanto outras pessoas preferem um factor baixo para se bronzearem mais facilmente, como Margarida Gonçalves, de 32 anos. «Não era inconsciente, mas tinha menos cuidados com o sol», conta. Até que apanhou um susto.
No ano passado, uma amiga sua foi diagnosticada com melanoma, apesar de não ser uma frequentadora habitual das praias: «Só em criança e adolescente é que ia mais». Mas a pele clara e com sinais não se esqueceu das agressões mais antigas – para a amiga de Margarida Gonçalves foram factores suficientes para que passasse a pertencer a um grupo de risco.
O melanoma «não sendo o mais frequente é o cancro cutâneo mais grave», salienta o dermatologista Osvaldo Correia.
Em Portugal, estima-se que surgirão, ainda este ano, mais dez mil novos casos de cancro de pele; mil serão melanomas.
O primeiro indício poderá ser uma alteração recente num sinal – um adulto tem pelo menos 25 sinais, sendo que os de nascença são apenas um pequeno número e a maioria aparece com o crescimento.
Certo é que um terço dos casos de melanoma surge a partir de um sinal preexistente, que se torna «assimétrico, de bordo irregular, de cor heterogénea ou muito escura, e com diâmetro maior do que cinco milímetros».
Nas restantes situações, aparece sob a forma de um novo sinal «ao início de pequenas dimensões, de cor frequentemente escura, e que sofreu um crescimento significativo em relação aos restantes – o ‘patinho feio’».
Nas crianças, ocorre nos sinais de nascença, os chamados nevos congénitos, quando «têm grandes dimensões ou outras características atípicas».
O tempo entre o aparecimento da nova lesão ou a alteração do sinal preexistente e o seu crescimento pode ser de escassos meses. «Quanto mais profundo for o melanoma maior é a probabilidade de vir a desenvolver metástases à distância e pior o prognóstico em termos de mortalidade», afirma o secretário-geral da Associação Portuguesa do Cancro Cutâneo (APCC).
Se for detectado precocemente – «com espessura microscópica menor do que um milímetro» – a taxa de mortalidade em cinco anos poderá ser inferior a 5%. Se o sinal já tiver uma espessura de quatro milímetros, a taxa de mortalidade no mesmo período sobe para os 50%. O prognóstico é ainda pior se já existirem metástases.
Há meses, foi publicado um estudo sobre um novo fármaco, o Ipilimumab, no New England Journal of Medicine que, segundo Osvaldo Correia, «traz esperanças aos doentes com melanoma em estado avançado, que não respondem à terapia convencional, como cirurgia, quimioterapia e imunoterapia». Em Portugal está em fase de ensaios e 20 doentes já o tomam (ver caixa).
A memória da pele
O secretário-geral da APCC reconhece que há cada vez mais pessoas a adoptarem melhores comportamentos como «evitar a exposição ao sol nas horas de maior calor, usar protectores solares com factor de protecção elevado e a procurar sombras». No entanto, os jovens continuam a ser o grupo de maior risco, pois «têm sido mais resistentes» às mensagens de sensibilização.
A pensar neste grupo de risco os Estados Unidos e o Canadá têm apostado em campanhas específicas para os adolescentes. Em Maio, os dois países publicaram um vídeo no YouTube – Dear 16-year-old Me, (Cara versão minha aos 16 anos) –, com uma mensagem de alerta para adolescentes e jovens, partindo de exemplos verdadeiros. Três dias após a sua divulgação na internet as imagens já tinham sido vistas por quase meio milhão de pessoas.
Para Osvaldo Correia, um vídeo semelhante em Portugal poderia ser muito útil para a sensibilização em massa. Acredita que «o exemplo de outros jovens, protagonistas de séries televisivas, ídolos da música ou do desporto, possa ser o motor para a modificação de comportamentos».
O vestuário é outro factor a ter em conta para, nos dias muito quentes, cobrir o corpo. Há marcas, como a Petit Patapon, a Adidas ou a Quechua (Decathlon), que já têm peças de roupa com protecção UV.
Testes feitos pela Proteste, em 2008, concluíram que este tipo de roupa pode perder a sua eficácia com as lavagens. A opção mais correcta é escolher peças largas e de cores escuras, com tecidos de malha cerrada.
O objectivo é evitar que as agressões do sol fiquem cravadas na pele, em especial, nos dias de maior índice UV. Este mede os níveis de intensidade das radiações ultravioleta que incidem na superfície da Terra e a sua possibilidade de criar doenças de pele.
É uma escala que apresenta valores numéricos: risco baixo – menor ou igual a 2; risco moderado – de 3 a 5; risco alto – 6 e 7; risco muito alto – de 8 a 10.
De acordo com o Instituto de Meteorologia, nos últimos dias, os valores têm ficado sempre acima dos 8 nas horas de maior calor e prevê-se que a tendência continue na próxima semana.
Hoje, em Lisboa e nas Penhas Douradas, o índice chega aos 10; nos Açores pode mesmo atingir o valor máximo de 11, que significa «perigo».
A indicação é para evitar a exposição solar: «Aproveite para descansar em casa».

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