quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Sabes como o Estado esbanja o nosso dinheiro?!!!...... (parte II)

Uma só sociedade de advogados, a Sérvulo Correia, recebeu 4,2 milhões de euros de um total de 15,7 milhões gastos pelos vários governos em advogados entre 2003 e 2006. E, desde 2008, por ajuste directo, a sociedade já recebeu mais 4,055 milhões. Foi esta a sociedade de advogados que, por exemplo, assessorou o Estado português no concurso para aquisição de submarinos.
A PLMJ, outro escritório com peso nos serviços prestados ao Estado, recebeu 1 milhão de euros num só ano, em 2006. O chamado outsourcing de serviços jurídicos é, em regra, acordado por ajuste directo, ou seja, não passa por concurso público. E isso também acontece para outros tipos de estudos.
São trabalhos que, em alguns casos, poderiam ser feitos pelos funcionários públicos: os inspectores do Ministério da Educação afirmaram no início de Maio que poderiam ter feito o estudo para avaliar o impacto das Novas Oportunidades, encomendado à Universidade Católica e que custou 297.900 euros. Pelo conjunto dos trabalhos realizados para o Estado entre 2008 e 2009, a universidade recebeu 1.346.034 euros.
Pedem-se pareceres e muitos estudos. Nos últimos 12 anos fizeram-se 114 sobre o novo aeroporto e só em 2009 gastaram-se neste assunto 9,2 milhões. Um dos estudos mais caros foi o relatório de impacto ambiental feito pela DHV, empresa de origem holandesa e cujo presidente da SGPS em Portugal é Carmona Rodrigues, ex-autarca de Lisboa: custou 817 mil euros. No TGV aconteceu a mesma coisa: de 2001 a 2008, os estudos para as várias versões possíveis custaram 92,9 milhões de euros. Agora, o aeroporto foi adiado e o TGV também, com excepção do troço Poceirão-Caia.
Nos últimos dias, fizeram um pequeno levantamento de algumas pequenas despesas onde o dinheiro dos impostos é esbanjado. São apenas exemplos - existem muitas outras. O Estado poderia ter poupado nos 117.085,18 euros pagos por seis autarquias à loja de brinquedos Toys "R" Us; ou nos 52 mil euros que a Universidade do Algarve gasta por ano em passagens aéreas, uma delas com o trajecto Faro-Lisboa-Londres-Miami-Belize-Miami-Londres-Lisboa-Faro (1.634,18 euros) e outra com Porto-Nagóia-Xangai-Nagóia-Porto (1.710 euros). Em brindes, o Estado português gastou, desde 2008, 1.225.093 euros. Houve 5.500 euros para guarda-chuvas e 10 mil euros para T-shirts e rebuçados.
Há mais. O secretário de Estado do Comércio, Fernando Serrasqueiro, limpou dois tapetes de Arraiolos por 2.179 euros; a autarquia de Gondomar gastou 16.696 euros em flores e pagou 515 mil euros em publicidade ao Gondomar Sport Clube; a Câmara de Lisboa gastou 9.784 euros em vestuário de cerimónia para os funcionários dos cemitérios. Em Oeiras, as bolas e leques Oeiras Somos Todos ficaram em 7.650 euros; Sines gastou 6.075 euros em búzios de cristal e em vidro colorido.
Apesar da crise, continuou a haver festas. As decorações, luzes e outras despesas de Natal custaram 6.830.233 euros em 2008 e 6.133.935 euros no ano passado. Cascais gastou 21 mil euros em bolos-reis para oferecer aos funcionários. Loulé preferiu o Carnaval: pagou 6.960 euros por uma encomenda de rebuçados em 2009 e 73.125 euros em almofadas anti-stresse de arremesso para o Carnaval de Verão do mesmo ano.
Outros optaram pela música. Desde 2008, o Estado gastou 3.810.661 euros em concertos. O cantor de ópera espanhol José Carreras foi quem saiu mais caro: a Câmara de Santarém pagou 263.200 euros ao tenor em Julho de 2009. O menos erudito Quim Barreiros também teve anos bons: em 2009 e 2010 facturou aos contribuintes portugueses 256.303 euros. O romântico Tony Carreira, de quem Manuel Pinho era fã (até actuou na inauguração da avenida, em Paços de Ferreira, com o nome do ex-ministro da Economia), contabilizou 331.200 euros. O cantor manteve uma estreita colaboração com o antigo ministro e participou em eventos pela promoção das energias renováveis patrocinados pelo Governo.

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